sábado, 26 de março de 2011

O "Emplasto" da felicidade

Certa vez li em um texto na Web a respeito da receita da felicidade e o mundo de auto ajuda presente nos periódicos que encontramos em qualquer fila de supermercado. Pensei sobre o quanto aquilo era verdade.


Observe a inúmera quantidade de revistas que podem mudar de capa sem jamais alterar o conteúdo. Receitas infinitas para emagrecer, encontrar o homem ideal e ser feliz no amor, ser imbatível na cama, ter todas as mulheres aos seus pés e ser dono de uma saúde impecável. Parece até que, se você seguir todo o passo a passo ali contido, a felicidade está garantida. É quase possível acreditar que o Emplasto Brás Cubas existe.


Vivemos em uma espécie de ditadura da felicidade, o objetivo de vida da sociedade contemporânea passou a ser a busca incessante por ela, perde-se tanto tempo nessa busca que se torna quase impossível encontrá-la. Já não é possível acreditar em felicidade sem realização profissional com situação financeira plena e estável. A partir daí vale tudo para atingir um objetivo, os meios passam a justificar os fins, o fins o começo e o começo todo o resto.


No entanto, não quero dizer com isso que deve-se acomodar com a atual situação na qual se encontra. É a eterna busca pelo conhecimento a responsável pelo crescimento. Afinal, evolução faz parte da vida desde que o mundo é mundo, ou então estaríamos até hoje reinventando a roda e batendo pedra pra ver se sai fogo.


Tentar ser feliz não é legal, é chato, todo mundo faz isso. Bom mesmo é ser criativo, ao invés de buscar receitas prontas para encontrar o Emplasto que levou o personagem de Machado de Assis ao óbito, talvez seja o caso de refletir e perceber que célebre frase assinada por Roy Goodman é de fato uma grande verdade. “Felicidade é um modo de viajar, não o destino.”

quarta-feira, 9 de março de 2011

Reunião interna, o retorno.

Era mais um dia de reunião. A decisão fora tomada pela Cabeça, o Coração estava desolado e Corpo completamente frustrado.

- E aqui estamos nós outra vez - disse o Corpo.

- Sabemos por experiência própria que é melhor que seja assim - respondeu a Cabeça.

- Eu não entendo porque é que funciona assim! - replicou o Coração.

- A culpa é toda sua, Coração imbecil! Não consegue aproveitar o sexo sem deixar o amor atrapalhar?? - Disse indignado o Corpo

A Cabeça, vendo os ânimos se exaltarem entre Corpo e Coração, usou de sua sabedoria para manter o controle da situação.

- Coração, eu entendo o que você está sentindo, mas infelizmente você é burro, todo mundo diz que devemos te ouvir, mas você é muito burro mesmo, não tem jeito. O que atrapalhou não foi o amor, o amor nunca atrapalha, o que atrapalha é a paixão descontrolada. E você, Corpo, relaxa que dessa vez você nem tem argumentos!

Enquanto o Coração chorava, o Corpo respondia:

- Do que é que você está falando?

- Ora, você nem tinha o que queria!

- Tinha sim! Eu... Tá. Você me convenceu.

- E você Coração, engole esse choro!

- Mas eu, mas mas, eu... buáaaaaaaaa

- Ah, deixa ele aí que ele para sozinho - disse o Corpo.

- Não foi fácil decidir por nós - comentou a Cabeça - mas essa é a minha tarefa, zelar pelos irresponsáveis que são vocês dois.

E assim ficou estabelecido: tenha já a Cabeça decidido, nada mais seria revertido. O Coração continua chorão, o Corpo já tem outra visão e a Cabeça está tão ocupada estudando que não sobra tempo para dar-lhes atenção.

terça-feira, 8 de março de 2011

Emputecendo uma mulher


Todo mundo sabe o quão difícil é para uma mulher tomar a iniciativa de fazer um convite. Nem tanto pela timidez, mas basta que ela comece a noiar de que o cara vai achar que ela está aos pés dele para transformar um simples convite em um martírio. Mas ela convidou, respirou fundo, decidiu que estava na hora de ela tomar alguma atitude e não esperar apenas ser convidada. Combinaram de sair na noite seguinte.


É sabido que homens gostam de mulheres arrumadas, perfumadas, bem cuidadas, mas, filho! Se você é homem e está lendo isso, saiba que ficar arrumadinha não é algo que se faça em 5 minutos antes de sair como vocês, simples e práticos, fazem.


Como toda mulher, ela já começou a pensar em que roupa vestir.  Na noite seguinte cuidou da depilação, fez as unhas, cuidou do cabelo, escolheu a roupa, a maquiagem... Que cara quer sair com uma mulher peluda, com unhas descascando da manicure de duas semanas atrás, pele mal cuidada, cabelo desgranhento? É bonito ver como ficou depois, mas todo esse processo demanda um tempo que vocês homens parecem desconhecer. Pensam que é só apertar um botão mágico e então já está tudo pronto. Ou então acreditam que as mulheres já nasceram sem pelos, de unhas feitas e cabelo arrumado. Mas... tipo, hello! Isso não vem de fábrica!


Então ela está quase pronta. O figurino está montado, faltam apenas alguns retoques: maquiagem, sapato e, claro, aplicação de um bom perfume. O processo já está quase no fim quando, com apenas uma hora de antecedência da hora marcada do encontro, ela recebe uma ligação. Ela atende, ele desmarca o encontro por uma razão qualquer e sua expressão não pode ser muito bem definida. Se alguém olhar para ela vai ver uma mulher que pode tanto estar pensando em 1001 maneiras diferentes de se torturar um homem com requintes de crueldade como pode estar calculando se xinga, se responde educadamente com ironias e sarcasmo, ou se desliga o telefone na cara do sujeito. Essa última opção demonstra total perda de compostura, então geralmente não é o que vai ocorrer.




JAMAIS, em hipótese alguma, pergunte se ela ficou brava. Se você cometeu a indelicadeza de desmarcar um encontro em cima da hora sem um bom motivo para isso (entenda como bom motivo a morte da mãe, do pai ou do cachorro) não pergunte nada. Deixe que ela desfaça toda a produção em paz e xingue muito as paredes para que vocês possam ter alguma chance posteriormente. Você pode ser perdoado por não compreender o mundo feminino e até o presente momento desconhecer que aquela mulher linda, arrumada e perfumada não se produziu apenas cinco minutos antes de você encontrá-la. Agora que você já sabe, não há mais desculpa.


Da próxima vez que marcar um encontro, se não tiver certeza, não marque. E quando pensar em desmarcar algo, não espere até que ela fique pronta, conte pelo menos umas 3 horas antes do horário marcado antes de pensar em desmarcar, de preferência, desmarque no dia anterior, ou melhor, não desmarque! Tenha a certeza que seu motivo não vale o desperdício da produção de uma gata que pode querer usá-la em outro território. Fica a dica.

Um dia a pessoa toma atitude.

- Oi, quer chocolate?

- Não, obrigado.

- Por quê?

- Não posso comer doces.

- Ah tá... quer uma bala?

- Não, obrigado.

- Por quê?

- Não posso comer doces.

- Ah tá... quer um sorvete?

- Não, obrigado.

- Por quê?

- Não posso comer doces.

- Ah tá... quer brigadeiro?

- Não, obrigado.

- Por quê?

- Não posso comer doces.

- Ah tá... quer torta de morango?

(O silêncio)

- Não, obrigado. E você, quer tomar no *?

 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Para sempre o Platonismo

No tempo que corria um sorriso despertava a cada dia um desejo alimentado pela esperança do que não acontecia. Aquilo então que via enaltecia a vontade pelo que de fato não existia. Exacerbava com o tempo um mundo inteligível que foi embora junto ao vento no momento em que se tornava sensível.