sábado, 8 de setembro de 2012

A porra do voto nulo

Eu já acreditei no voto nulo, foi uma crença desesperada, não em uma solução, mas em um protesto; inútil, percebo agora. Hoje voltei ao velho se ficar o bicho come e se correr o bicho pega, afinal, político na ativa é tudo igual. Não, minha gente, isso não é apenas um pensamento clichê ambientado no lugar comum daqueles que não pensam por conta própria, é preciso entrar e conviver diariamente dentro de uma esfera política para saber que quem tá dentro ou se envolve ou cai fora (de livre e espontânea ou espancada vontade) e ver morrer a ilusão de que somos nós os únicos responsáveis por aqueles que “nos representam” no governo.


Não é verdade, portanto, que basta “saber votar” para que ocorram mudanças efetivas, justamente porque o sistema eletivo é vicioso. Essa democracia mascarada na qual vivemos oferece a ilusão de que é possível mudar através do voto, entretanto, não é; afinal, a famosa frase de Rousseau permanece mais atual do que nunca, “uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém”. Concluí, portanto, ou melhor, concordei, debatendo sobre o delicado assunto, que votar é um ato estratégico muito mais do que democrático. É votar naquele que vai impedir determinado candidato de assumir o cargo. Isso é ainda mais perceptível num segundo turno, quando os dois candidatos se mostram péssimas opções e fica ainda mais evidente que, seja quem for que ganhe a eleição, nós perdemos.


É, concordo, votar nulo não é solução, bem como votar em alguém também não é. Mudanças só ocorrem quando a sociedade não tem mais nada a perder, e então pode-se começar alguma revolução. Enquanto houver um sistema vicioso, gente para comprar e gente para se vender, só podemos contar com pequenas conquistas, pequenas mudanças localizadas, mas com a consciência de que é preciso muito mais do que o atual sistema eleitoral para haja uma real perspectiva de mudança.


É um tanto hipócrita, no entanto, ver quem defendia o voto nulo com unhas e dentes compartilhando agora no Facebook agora imagens ridicularizando aqueles que acreditam nele; querendo ou não, voto nulo é uma opção para quem não acredita em candidato algum, para quem simplesmente sabe que  eleição não muda o sistema. As pessoas esquecem o passado, ou compartilham ideias prontas porque não sabem pensar por si. Hoje eu não voto nulo simplesmente porque ele só deixa o sistema eleitoral pior do que já é, mas não nego que já acreditei nele, fez parte do meu processo, da minha constante busca pela conscientização política. Mas brasileiro tem mania de negar e apagar o próprio passado, percebe-se isso ao longo da história.