sexta-feira, 22 de maio de 2015

Todo o ódio aos livros de colorir


image

Haters gonna hate. A moda do livro de colorir, o sumiço do lápis de cor das prateleiras das lojas e fotos no instagram de páginas pintadas. Toda essa febre foi o suficiente para ativar o ódio dos haters de modinhas que aparecem na internet.

"Eu sou um artista, sempre pintei e desenhei desde criança, agora vem esses idiotas que sempre acharam que pintar é coisa de criança achar que são legais e descolados com esses livros idiotas." Ou então "compra livro e lápis de cor só para ficar se exibindo no instagram." E os mais exaltados "parece um bando de retardado! Não aguento mais ver flores!" Teve uma que até se achou engraçada comprando um livro só para fazer um suposto video tutorial de como pintar um livro, rabiscando as páginas com canetinha e mostrando que não aguenta mais essa modinha.

Gente, por que tanto ódio? Ainda não entendi essa implicância com febres de atividades temporárias, essa raiva despertada pelas fotos postadas no instagram e no facebook. E daí se é moda? E daí se pessoas que nunca ligaram para lápis de cor estão agora pintando? Tudo isso é porque você já pintava antes e agora está incomodado com a "concorrência"? Tá triste porque não tem mais um hobby exclusivo? Juro que não entendo essa necessidade de se diferenciar, ser único e fazer algo que ninguém faz. Tá insatisfeito? Muda de atividade, explore novas atividades e encare novos desafios e deixe em paz quem está feliz pintando florestas, flores e mandalas. Se você sempre pintou, tenho certeza que não serão iniciantes com lápis de cor e livros de colorir que vão te "desbancar".

O que eu vejo é uma febre saudável, com seus excessos ou não, com gente querendo apenas aparecer ou não, eu vejo gente feliz entrando numa onda colorida. E não precisa o mundo de mais cor? Um dia eu estava pintando meu livro numa sala de espera, e uma senhora me perguntou sobre ele, onde comprei e disse que ela queria pintar também. Outro dia a reencontrei e ela me mostrou fotos dos livros dela e das amigas dela, com quem ela estava pintando. Amigas que se reuniam para pintar juntas e conversar. Quer coisa melhor do que uma atividade descontraída em grupo? Eu vejo mães pintando junto com seus filhos, eu vejo pessoas duras se entregado ao prazer de ser criança. Eu vejo cor, eu vejo paz, eu vejo amor. Faça então um esforço: pare de odiar.

Que essa febre dure o tempo que durar, e, quando ela acabar, que tenha deixado no mundo pessoas com um pouco cor na vida. É disso, afinal, que o mundo precisa.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Diálogos do Trem - Relacionamentos

- Eu não vou ficar pedindo carinho pra você não.
- [...]
- Grosso, eu?
- [...]
- Ah tá, tá bom. Em que momento eu fui grosso?
- [...]
- Ah, tá. Claro.

----------------------------------------------------------

- É, no Natal eu preciso estar em Minas, fia.
- [...]
- Da um jeito na tua vidinha que eu preciso dar um jeito na minha, ou vou acabar matando aquele desgraçado.
- [...]
- Eu to ruim, to péssima... Falta pouco pra eu matar aquele desgraçado.
- [...]
- Eu já peguei quatro anos fia, mais dez anos vai ser fichinha, não aguento mais aquele coisa ruim.

----------------------------------------------------------

- Letícia, eu quero passar informações de conhecimento pra você... Se você não quer tudo bem!
- [...]
- Ah, mas Letícia, só porque eu tenho mulher eu não posso ir pra sua casa?
- [...]
- Letícia... Não, Letícia, me escuta, me escuta! Quando você me conheceu... Deixa eu falar, quando você me conheceu você me conheceu casado.
- [...]
- Você me conheceu casado, Letícia, eu não era solteiro, eu não sou solteiro, eu não tenho culpa se você não pode ir onde eu estou, porra, se toca, cara!
-[...]
- Não, Letícia, eu não desliguei na sua cara, eu tava no meu quarto colocando meu filho pra dormir... Contando uma historia pra ele.
- [...]
- Não, Lê, eu não desliguei na sua cara! A ligação caiu! Sua filha da puta! Vou dar uma porrada na sua cara! Se eu tivesse aí você tomava logo umas duas bolachas pra você aprender.
- [...]
- Não, Letícia, não! Poxa, me ouve... foi até minha mulher que foi me avisar que o telefone tava tocando, a ligação caiu mesmo...
- [...]
- Mas que diacho de amor é esse que você diz que sente por mim? Que amor é esse você não é nem capaz de me entender?
- [...]
- Você não é a outra Letícia, você sabe que não é, você nunca foi nem nunca vai ser pra mim a outra, essa palavra não existe no meu vocabulário, você sabe disso, Lê, você sabe que eu te amo!
- [...]
- Eu amo você, você sabe disso, eu amo a nossa princesinha, demais....
- [...]
- É claro que eu vou no aniversário dela, Letícia...
- [...]
- Não Letícia, não... E mulher não nasceu para ser compreendida, nasceu para ser amada, e você sabe que te amo, e ainda assim eu compreendo você, eu te entendo, e te respeito.
- [...]
- Não, Lê, eu não tenho outra, você sabe que não, é apenas o meu jeito... Não não, não é só quando eu quero que a gente se fala, é só quando dá tempo, olha, não estamos falando agora?
- [...]
- Não, Letícia, não... Não! Olha, você sabe disso... Letícia, Letícia! ....

... Desligou... Puta que pariu, plena segunda feira e essa mulher faz isso...

[Tenta ligar de volta inúmeras vezes, e então ela finalmente atende]

- Alô, oi, oi, tá me ouvindo? Tá mais calma agora?
- [...]
- Eu sei que você não está nervosa, é, eu sei, você estava só desabafando, é, eu sei, eu entendo...

[E assim, descendo do trem, continua...]