sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ao meu mais improvável amigo

De todos os meus amigos, tu és o mais improvável e inusitado. Improvável, e não impossível, és meu amigo de tão longe e ao mesmo tempo mais perto do que eu poderia um dia imaginar. De poucas palavras, as mais belas palavras eu já conhecia antes mesmo de te encontrar. E quando a vida é dura e o coração aperta, nestas palavras, cantadas, escritas ou faladas, sei que posso me apoiar, ainda que eu evite tanto incomodar; receio de estragar tão rara relação de confiança, amizade e fraternidade que, ao longo dos anos, construímos sem planejar, baseada na mais inesperada e imediata empatia.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sobre a tolerância e o respeito

Sempre que leio textos sobre tolerância, como acabei de fazer com um do Flávio Gikovate no Facebook, parece-me que sempre fica faltando deixar claro o que é exatamente tolerância e o que é respeito. Algumas vezes toleramos e respeitamos, muitas vezes respeitamos sem tolerar, muitas vezes toleramos sem respeitar e outras vezes não toleramos e nem respeitamos. Prega-se muito sobre ser tolerante, porque a intolerância é um mal a ser combatido com todas as forças. Não é bem assim, não dá para tudo tolerar. E se você diz “mas, peraí, ser tolerante não é ser idiota!”, já fica muito claro que, se você não tolera uma condição ou pessoa que te põe em uma situação ruim, você não é de todo tolerante. E nem deve ser.

Há uma linha tênue que separa a tolerância do respeito, você tolera aquele seu chefe que te humilha, porque você não pode perder o emprego; apenas teme a demissão, mas não tem o mínimo respeito por ele quando o xinga pelas costas. Se isso está moralmente correto ou não, entra aí a questão cristã da prática contínua do perdão, mas isso entra em outra discussão. Da mesma forma, podemos não tolerar as atitudes de uma pessoa e decidir nos afastar dela para não entrar em atrito e, dessa forma, não perder o respeito, tanto à pessoa quando a si mesmo.

Podemos não tolerar muitas coisas. O criminoso, por exemplo. Suas atitudes devem ser repreendidas, respondidas e pagas perante a justiça, mas sem nunca deixar de respeitar sua condição de ser humano, ainda que ele não tenha tido qualquer tipo de respeito pelas suas vítimas. Do contrário, seria apenas vingança por vingança sem visar qualquer melhoria, seja para o indivíduo, seja para a sociedade, afinal, não queremos de volta para a sociedade um indivíduo ainda pior. Nesse caso, há (ou deveria haver) o respeito, mas não a tolerância. Respeito não talvez à sua pessoa, mas às leis e à condição de ser humano em que todos nós estamos, sem que seja tolerada qualquer ação criminosa.

E existem muitas coisas e atitudes que não devem ser toleradas e tampouco respeitadas: o racismo, a homofobia, o machismo, a discriminação de qualquer espécie, o ódio deliberado, a exclusão e a marginalização social. Sem sombra de dúvidas, a opção sexual (que compete única e exclusivamente a cada indivíduo), as diferenças sociais, raciais e de crenças merecem e devem sempre ser respeitadas, e não apenas toleradas na sociedade. 

Entre o respeito e a tolerância está o bom senso, e este, acima desses dois, parece que é o que mais falta entre nós.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Fotografia: acesso e banalização

Antes da fotografia, existia a pintura, a qual se viu indignada com a nova forma de retrato. Antigamente, as câmeras usavam filmes, não sensores digitais. Antigamente levávamos dias para ver uma foto revelada. Depois da revelação feita em uma hora, a ansiedade diminuía, e com as polaróides, nossa! Foto instantânea. Era o máximo do máximo. Com as câmeras digitais as imagens passaram a ser imediatas, com os celulares, passaram a ser online. Evolução acontece em qualquer área humana e a sua negação também. Com a imagem não é diferente.

Não dá para negar: O fato de não se ter que pagar pelo filme ou pela revelação popularizou a fotografia. Cada tempo tem a sua marca, nosso tempo vive as suas; e vida online expressa em fotografias, é uma delas. Se as fotos publicadas são enganosas, mentirosas para exibir uma falsa felicidade, muitos dos antigos álbuns de família também foram montados com base nas aparências, apenas não eram online. As selfies não são uma novidade, é um novo nome para algo que sempre existiu, só não tinha tantas facilidades de recurso, tais como celulares com câmera conectados à internet, câmeras frontais, pau-de-selfie e redes sociais.

Não adianta reclamar da tecnologia ou esbravejar o seu "mau uso". Isso sempre aconteceu. O celular não substituiu a câmera porque quem fotografa pela arte continuará fazendo. E não dá para negar que a imagem dos celulares de hoje em dia são melhores que as das antigas câmeras compactas de rebobinamento manual, a qual muitos dos que atualmente reclamam da "banalização da fotografia" usavam, e faziam fotos péssimas, não por culpa da câmera. 

O problema não é a câmera frontal, o pau de selfie, os celulares, ou a internet. Cada um sabe (ou não) como e quando usar esses recursos, o problema é justamente não saber lidar com isso. Não dá pra condenar o avanço na fotografia, ainda que, em certos aspectos, tenha sido "banalizada", porque, graças a esses avanços e popularização, qualquer um - qualquer um mesmo - de toda classe social, pode registrar seus eventos, nascimentos de filhos, festas de aniversário e até mesmo a sua vida na pobreza (por que não?); se essa realidade existe, deve ser mostrada. Se ela te incomoda, o problema é seu. 

Hoje a vida é online, característica de nosso tempo. Apenas temos que aprender a lidar com isso e a aceitar as mudanças que ocorrem ao longo da história.

Escrito em 10 de maio de 2015.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Mas é só um elogio!

Não, não é. Não na sociedade em que vivemos. 

"Ah, vá! Nada demais apenas abordar com educação para dar bom dia e dizer que é bonita." 

E aí eu me pergunto, com que intenção? Por que você precisa parar uma mulher na rua, apenas porque achou-a bonita/atraente, e dizer isso a ela? 

"Para de ser feminazi, eu hein! É só educação, é só um bom dia, e quem não gosta de receber elogios?"

Pode ser, um dia quem sabe talvez seja assim. Mas não hoje. Por quê? Bem, no dia em que eu ver um homem abordando outro homem na rua apenas para dar bom dia, ou um homem aceitar ser elogiado por outro homem sem que fique indignado com isso, eu vou acreditar que é pura educação. Mas esse dia ainda não chegou, está longe. 

"Mas eu não sou gay, caraio! Não viaja!"

E nem ela está à sua disposição apenas porque lhe agradou aos olhos. 

"Mas eu apenas elogiei, ela não é obrigada a fazer nada! E eu nem quero nada, é só um elogio."

De novo, com que intenção? 

"Apenas elogiar." 

Você aceitaria elogio vindo de qualquer pessoa? 

"De homem não, já disse que não sou gay." 

Mas você também não é obrigado a fazer nem aceitar nada em relação ao elogio do outro homem, e se você supostamente está no seu direito de "elogiar" a mulher que quiser, outro homem, gay ou não, também estaria no direito de elogiar quem quiser. 

"Quer dizer que agora não pode mais cantar, elogiar mulher nenhuma que vai ser considerado assédio?"

Sério? Na rua? Na RUA? Fora de contexto? Você não sabe mesmo como paquerar alguém? Você realmente quer paquerar alguém na rua, perturbar alguém que você não conhece, que está provavelmente com pressa, indo ou voltando do trabalho, pra faculdade... para dar uma cantada? Claro, porque se passa um cara num carro buzinando para mim, me dizendo o quanto sou linda ou gostosa, vou sair correndo atrás do carro para dizer que quero conversar e dar meu telefone (só que não, antes que não entendam a ironia). Sério MESMO que você quer continuar com esse questionamento infeliz? 

"Mas..."

Não tem mas, socialmente acha-se normal elogiar ou falar qualquer asneira para mulheres nas ruas, porque afinal homem que é homem faz isso. Ocorre que, se existem mulheres que gostam, existem inúmeras mulheres que não gostam. Não fique tentando a sorte para encontrar as mulheres do primeiro caso, porque você desrespeitará MUITAS do segundo. Então simplesmente PARE de abordar e incomodar mulheres nas ruas, seja com a melhor ou a pior das intenções.  Quando bom dias e elogios forem realmente aceitos como educação em todas as situações, aí a gente pode começar a conversar. Por enquanto, chega de fiu-fiu. Simples assim.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A bolha cor-de-rosa

Certa vez li por aí sobre a bolha ideológica que o Facebook cria para seus usuários, limitando as publicações  ao mostrar em suas linhas do tempo apenas conteúdo referente às suas próprias opiniões, dificultando assim a interação e troca de informações sob diferentes pontos de vista.  E eu passei a  a criar a minha própria bolha. Intolerância? Não me importo, de fato, que assim me julguem. Desde que a rede social começou a fazer que as pessoas se esquecessem que as regras do convívio social deveriam valer também  no mundo virtual e que, assim como antes de falar é preciso pensar, antes de escrever, postar ou compartilhar qualquer coisa, é também necessário ao menos um pouco de reflexão.

Para evitar então dor de estômago pelo ódio compartilhado na rede ou pela propagação de opiniões ignorantes - seja pela falta do hábito da leitura, da análise e da reflexão fora do senso comum, seja pela preguiça de pensar - resolvi ajudar o Facebook a construir a minha bolha cor-de-rosa ideológica, deixando de seguir e/ou restringindo os que compartilham de senso comum carregado de ignorância, preconceito e ódio, ainda que não tenham consciência disso. Assim vejo apenas postagens e comentários humanos, ou divertidos, ou úteis, ou tudo isso ao mesmo tempo, preservando o meu estômago e a minha saúde mental. 

Dessa forma, quando escrevo minhas opiniões ou compartilho ideias com as quais concordo, ou repudio, ou fico indignada, não é, de forma alguma, para convencer aqueles que não concordam comigo. É simplesmente para mostrar aos que estão na mesma sintonia que eles não estão sozinhos. Portanto, quando paro de seguir ou restrinjo o acesso de alguém às minhas postagens, não é nada pessoal, preferi apenas respeitar a pessoa e o seu direito de falar a merda que quiser, optando por não mais acompanhá-las, seja em suas postagens ou em comentários indesejados nas minhas. Que os outros criem a sua própria bolha de ódio, eu não quero fazer parte dela. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Procura-se Humanidade

Procura-se Humanidade, por trás das máscaras da rede, por trás do filtro da rede. Humanidade, por onde andas? Ódio, o que fizeste com ela? Sufocou-a? Trucidou-a? Tenho a procurado onde só te encontro, Ódio. Humanidade, apareça! Prove-se mais forte do que ele. Eu sei que atualmente ele tem ganhado força, tão fácil é o caminho por ele escoado. Humanidade, eu sei que estás escondida em muitos corações. Bata, grite, exploda para fora, expanda-se! Tire o Ódio de teu caminho. Ah, Ódio, tão infeliz tu és sem saber. Tão doente, tão intenso e tão frágil; tua explosão é dor, explosão de Humanidade é amor. Humanidade... se a vir, chame-na, ela é calorosa e está pronta para entrar em qualquer coração. Abra o seu!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Eu sempre quis ser eu

Eu sempre quis ser eu. Eu com o que tenho, eu com algo mais. Se alguém está viajando e eu sinto inveja, quero ser eu em outra viagem, jamais ser quem está viajando, naquela viagem. Se eu quero muito dinheiro, queria ser eu com um belo montante, e não ser aquele milionário, com aquele dinheiro, naquela vida. Outras pessoas têm outros amores, outros desejos, outras vontades, outros problemas. Eu quero o que é meu, o que desejo, tudo o que me faz ser eu.