Depois de um longo dia de expediente, amigos compartilham cerveja e risadas, discutindo sobre a vida, a paz no mundo e solução para a fome na África.
Zé não bebia cerveja, compartilhava da companhia de seus amigos bebendo um guaraná com gelo e laranja. Ele não tirava o olho do relógio, sua mulher o esperava em casa. Ele não podia reclamar, pois ela só estava esperando-o em casa por não ter permissão do marido para sair com amigos. Um não respirava sem que o outro soubesse, vivendo felizes para sempre num mundinho que cabia dentro de um apartamento de quatro cômodos. Ao ver Mané na segunda garrafa de cerveja, Zé advertiu:
- Cara, como você bebe! Ainda vai morrer desse jeito!
- Pra morrer basta estar vivo.
- A vida não é só bebida.
(silêncio)
A face de Mané tornou-se um misto de indignação com dúvida, não sabia bem se tinha compreendido o que havia acabado de escutar e também não sabia exatamente o que deveria dizer, mas sentiu pena daquele infeliz. A única coisa que faltava ali era enterrar o sujeito e marcar a missa de sétimo dia, sem ter a certeza de que seria mesmo o sétimo dia, pois já estava morto fazia muito tempo. A resposta veio logo após sair do transe filosófico gerado pela cultura de bar:
- A morte também não.
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