No saldo de ganhos e perdas, o ano de 2019 terminou negativamente. 2020 já começou com perdas. Dexter, meu pequeno poodle, foi embora depois de quase 20 anos. Seus longos 19 anos de vida acompanharam diversas fases da minha vida, desde a adolescência, amadurecimento, vida adulta. Momentos felizes, momentos tristes, e lá estava o Dexter.
Dexter chegou em casa no ano de 2001, pouco maior que a palma da minha mão. Ele conheceu a Dori, nossa Dogue Alemão, cresceu com ela e os dois brincavam. Ela tinha medo dele, e ele a botava para correr, mesmo que ele fosse do tamanho da cabeça dela.
Dexter ficou surdo, depois ficou cego. Andava para lá e para cá como um carrinho de bate bate, até que aprendeu a se locomover pelo cheiro. Mais tarde, perdeu equilíbrio para andar, e ainda assim, nos procurava, adorava receber e dar carinho e seguia o cheiro da comida na cozinha.
Dexter perdeu o olfato, e mal conseguia caminhar, mas adorava comer. Comia, bebia água, fazia as necessidades e dormia. Já não brincava mais, passava a maior parte do tempo dormindo.
2020 começou e Dexter já não queria mais comer sua ração. Passamos a fazer malabarismos para agradar seu paladar, que as vezes funcionava, as vezes não. Sem comer, começou a agravar sua fraqueza, ele já não levantava mais sozinho. Chorava todas as noites, de forma a cortar o coração. Dexter foi esvaindo, perdendo as forças, e tomamos a consciência de que logo ele não estaria mais entre nós. Dexter tinha que ir embora, ele sofria, e nós sofríamos. Eu sabia que ele tinha que ir embora, não podia mais sofrer.
17 de fevereiro de 2020. Dexter não acordou. Em um suspiro, sua respiração se foi, seu coração parou, e ele descansou em paz. Parte de nossas vidas se foi com aquele suspiro, daquele cachorrinho tão amado e que nos deu tanto amor por quase duas décadas. Agora chegamos em casa e vemos seu cantinho vazio, não sentimos mais seu narizinho úmido e gelado, não o pegamos mais no colo, não trocamos mais sua fralda. Ele descansou e a nós resta apenas preencher o vazio que ele deixou.
Perdas fazem parte da vida, e aprender a lidar com elas parece ser um aprendizado difícil constante. As perdas seguem, e nós também.
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