domingo, 22 de março de 2009

Coadjuvante

Almejo algo maior, sair daqui se fosse possível, talvez até quem sabe estar ao lado de algum alicerce de algo mais imponente, um patrimônio histórico, tombado e não esquecido. Já estou cheia de buracos, e camada sobre camada esconde essas marcas do tempo.


Não posso beber, não posso comer, não tenho olhos pra ver nem coração para bater. Vejo tanta coisa passar diante de mim, tantas pessoas que estão sempre do meu lado. Mas se elas falam comigo, é como se fossem loucas.


Gosto desses chamados loucos, assim não me sinto esquecida ou apenas coadjuvante de um belo quadro que é sempre admirado. Venham a mim, loucos! Que bom que lembram que existo! Falem comigo, contem-me suas mágoas! Não sou aconchegante como um travesseiro e posso não responder, mas muitos dizem que tenho ouvidos!

domingo, 15 de março de 2009

Constante

Nada é mais constante do que a inconstância da vida. Olhar e descobrir que o que se vê é o que jamais antes se teria imaginado é como desenterrar um tesouro que jamais pudera ser encontrado. Arriscar sem medo de errar é ter a certeza de que viver com medo é viver pela metade. Nada é mais certo que as incertezas do coração, nada é mais incerto do que  a certeza da razão e  nada é mais simples do que a complexidade das relações humanas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Eu não posso ler

Eu não posso ler, é dificil. É incompreensível, inconstante. Não que eu não tenha tentado, não que eu não tenha ido pra ler sem a intenção de apenas tentar, fui para fazê-lo. Ocorre que a dificuldade é tamanha que nada passou de uma tentativa falha. Eu de fato lia e então compreendia, ou pensava que compreendia. Mas então ao virar a página, tudo era diferente e não havia qualquer linearidade ou sequência lógica,  simplesmente porque ou não é normal ou não pertence a esse mundo.