quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Era uma vez...

Era uma vez uma menina aflita, ela corria desembestada, olhava para o relógio que carregava no bolso e dizia “É tarde, é muito tarde!”. O coelho, que estava descansando porque apostava corrida com uma tartaruga, pensou “Aonde essa menina vai com tanta pressa?”


Mais para trás a tartaruga continuava a correr, encontrou com um lobo que estava perdido, ele estava procurando uma menina de capuz vermelho que ele perdera de vista quando ficou tentando assoprar uma casa de tijolos. A tartaruga disse que tinha visto a menina do capuz vermelho fazia uns cinco minutos, estava conversando com duas crianças que lhe disseram que havia uma casa de doces há uns quinze minutos dali. A tartaruga voltou a correr, o lobo continuou sua busca.


O coelho perseguia a menina que corria com um relógio na mão e insistia em dizer que era tarde. “Para que essa menina está atrasada?” pensou o coelhinho. A menina desapareceu, o coelho caiu em um buraco e continuou caindo, caindo, caindo... até que chegou à Terra do Nunca. Lá ele conheceu os meninos perdidos que o levaram até uma fada que o ensinou a voar. Ele saiu voando e voltou pelo buraco onde tinha caído.


O lobo encontrou a menina do capuz vermelho na casa feita de doces, ela tinha levado os três porquinhos com ela e ela assou os três. A menina do relógio chegou bem a tempo de o banquete ser servido. O lobo se juntou ao banquete, comeu os três porquinhos assados, alguns pedaços da casa que fora servida de sobremesa e foi morar na casa de tijolos. O coelho viu lá do alto a tartaruga quase na linha de chegada, voou para se adiantar e tartaruga perdeu a corrida. Fim.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.

Dizem que quando morremos toda a nossa vida pode passar diante dos nossos olhos. Mas não é preciso morrer para que em algum momento decisivo façamos uma retrospectiva de nossas vidas. De repente podemos sentir uma vontade incontrolável de relembrar o passado, reler cartas, e-mails, ver fotos antigas e observar as mudanças de percurso, pensar nas pessoas que entraram e saíram de nossas vidas, nos cursos que fizemos, nos estudos, trabalhos, além de tudo o que não fizemos. Tanta coisa passou, tanta coisa mudou, e fosse bom ou fosse ruim, nada ficou exatamente no lugar.


Quem nunca encontrou uma antiga carta, um e-mail, um diário e sentiu-se envergonhado por um dia ter sido capaz de ter escrito aquilo? Quem nunca olhou para o passado e percebeu que teria feito muita coisa diferente? O amadurecimento nos permite refletir, repensar e aprender com nossos próprios erros e acertos. Daqui a um, dois, dez ou trinta anos, poderemos ser capazes de olhar para os dias de hoje e ter exatamente a mesma sensação.


É observando esse percurso que percebemos o quanto já mudamos e podemos ter a certeza do quanto ainda vamos mudar. Quando um sentimento nostálgico invade a alma e toma conta dos pensamentos e emoções em todos os aspectos da vida é que a máxima de que não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe se faz compreender.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A profundidade de uma poça d'água

Conforme a vida passa, a gente aprende. A gente aprende a levar a vida conforme a vida nos leva. Aprendemos a não ter com quem contar, porque o companheirismo caiu em desuso. Aprendemos a ter todos e a ficar com ninguém, aprendemos a pegar porque se apegar é errado. Aprendemos abafar nossos sentimentos, porque demonstrá-los é sinal de fraqueza e vulnerabilidade. Aprendemos a ficar sozinhos, porque nessa vida moderna tem mais valor a independência. Aprendemos a mergulhar em relacionamentos tão profundos quanto uma poça d’água, porque nela a gente não se afoga. Não que a gente queira, mas a vida leva, a vida ensina, e a gente aprende.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O mundo é todo errado

O mundo é todo errado. É tão errado que às vezes me pergunto como é que ele continua funcionando. Podemos sim dizer que ele funciona mal, mas ele funciona, ele continua e nós continuamos.


As pessoas estão loucas, não existe mais respeito, não existe mais afeto, tudo é objeto, tudo é moeda de troca. Falar de amor é constrangedor, é quase uma vergonha. Passou a ser um conceito abstrato, uma forma verbal nas poesias, um sinônimo de filme melodramático. Todo mundo usa todo mundo e ninguém ama ninguém. Não existem mais valores, existem conveniências.


O político explora o povo que explora a própria miséria e apóia a sujeira porque é nela que está acostumado a viver. Qualquer tentativa de mudar isso é como querer tirar a lama do porco. A sujeira que cai de cima nasce em baixo, é um ciclo vicioso. E o mundo continua, nós continuamos.


Quem sempre esteve na miséria continua na miséria. Subtrair de quem já não tem nada é como apenas mais um barraco inundado na enchente. Entrega-se uma bolsa auxilio e uma cesta básica que está tudo resolvido até o próximo dilúvio. Nada muda, tudo continua, nós continuamos.


Bem ou mal, seguimos nossas vidas, nossos salários valem menos, mas louvemos o crédito infinito! Mesmo “sem dinheiro" continuamos comprando roupas, sapatos, relógios, televisões, celulares com comunicação intergaláctica, computadores que se tornam ultrapassados muito antes que você possa pagar a primeira parcela e acessórios inúteis que nos proporcionam o lazer dessa vida moderna. As compras continuam, nós continuamos.


As falcatruas continuam, a picaretagem continua, as injustiças continuam, a impunidade continua e tudo continua porque é conveniente que assim seja. Quando chegar o dia em que o simples ato de ir ao bar compartilhar cerveja com os amigos ou visitar o salão de beleza para fazer as unhas e arrumar o cabelo tornar-se um luxo até mesmo para a classe média e a pinga não estiver mais disponível para manter de pé aqueles que na miséria vivem, talvez as coisas não continuem. O mundo não terá continuado. Quando ele chegar a esse ponto, ele inverteu o sentido.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Intensidade

De tudo o que se sente, de tudo que se vive, nada é para sempre. E ainda que nada seja eterno, que tudo seja intenso. É a intensidade dos momentos que se esvai no tempo e definha no passado que nos oferece o conceito de nostalgia e ensina o que é saudade.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Introdução

Você mudaria seu passado se tivesse a chance? De fato, a ideia de poder mudar certas coisas que nos arrependemos é uma solução muito atraente. Mas será mesmo que mudar o passado não afetaria o presente forma tal que na verdade o melhor seria deixar tudo como tinha que ser? Assunto muito bem abordado no filme Efeito Borboleta, é algo que atormentou e continua atormentando geração após geração.


Um momento perdido está realmente perdido porque ele não volta. Ainda que uma situação semelhante ocorra, será sempre um novo momento, afinal, que passou é história e a expressão “recuperar o tempo perdido” não passa de um mito ou uma ilusão. Aprender com os erros do passado de forma a aproveitar melhor o tempo presente e planejar o futuro não é recuperar o tempo perdido, é simplesmente viver o curso natural da vida. Mesmo porque, o presente tornar-se-á passado antes mesmo que possamos refletir sobre ele e, conforme o passar do tempo, amadurecemos em relação a determinado assunto.


Ao olhar para trás podemos perceber como faríamos tudo diferente, mas ao invés de lamentar a impossibilidade da alteração do passado, é mais útil usar a experiência como base para experiências presentes e futuras. Como talvez futuramente eu pense que eu teria escrito esse texto de outra forma e como certamente vou alterar o primeiro parágrafo dele assim que eu terminar o último. E suma, é bem provável que amanhã queiramos fazer diferente tudo que estamos fazendo hoje.


Em certo ponto é bom não ter a autonomia de mudar o passado, pois muitas vezes é fácil perceber que aquilo que parecia tão terrível foi na verdade a melhor coisa que nos poderia ter acontecido ou simplesmente aconteceu para que novos caminhos surgissem à nossa frente e, após o período de turbulência, na calmaria, percebermos que se mudássemos uma vírgula sequer do que já aconteceu poderíamos matar ou alterar drasticamente o brilhante momento que vivemos agora.