segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Orgulho de não ser pobre

Certa vez, quando eu disse que não baixo a cabeça para conseguir alguma vantagem financeira, disseram-me para que eu continue pobre com meu orgulho, na mesma posição, dentro do mesmo emprego de merda, ganhando a mesma miséria para o resto da vida.


Mas de que tipo de pobreza e orgulho estamos falando aqui? Integridade e amor próprio não tem preço. Não falo agora de moral ou ética, esses dois conceitos poderiam dar uma tese a qual não pretendo iniciar aqui, e certamente eu não teria conhecimento nem todas as ferramentas para uma discussão concisa e embasada.


Mas não creio ser demérito algum prezar mais os próprios valores do que os valores materiais que nos acercam. Uma consciência tranquila vale mais do que uma vida cheia de luxos. Luxo é muito bom, quando o preço não é a própria alma. Vender-se por dinheiro é como vender a alma ao Diabo, creio que ainda não cheguei a tal ponto de desespero para recorrer a essa opção.


Todo ser humano tem seu preço, todo indivíduo é corruptível em algum ponto, seja ele financeiro ou não. Ocorre que algumas vezes o preço é tão alto que a corrupção não simplesmente não acontece, ao menos não intencionalmente. É triste notar que atualmente as pessoas se vendem tanto por tão pouco que não podem ter moral alguma para apontar o dedo para o mais execrável dos corruptos.


É fato que não se pode condenar ou medir uma ação pela quantia monetária movimentada, corrupção é corrupção, seja ela no desvio de milhões ou na omissão do ato de ter recebido um troco a mais na padaria. Não é a consequência financeira que está em questão, mas a ação de quem se corrompeu. O pensamento malandro é o mesmo, em ambos os casos a política de se dar bem a qualquer custo prevaleceu. Da mesma forma, não há diferença entre os políticos e os que compactuam com suas falcatruas, aceitam suas imposições e tornam-se submissos para conquistar ou manter posições de vantagem.


Não me venha dizer que isso é orgulho, não me venha dizer que vou continuar pobre. Não vou baixar a cabeça, não vou me corromper por tão pouco, não vou me submeter a situações humilhantes. Não estou morrendo de fome, nem estou em alguma situação entre a vida e a morte. Se eu tenho um preço, ninguém ainda encontrou um meio de pagá-lo, pois esse valor não é financeiro.


Posso não ter tudo que quero, mas minha consciência vale mais do que qualquer bem material que desejo, já desejei ou porventura venha algum dia a desejar. Eu não sou pobre, sou rica, sou muito rica. Pobre mesmo é quem não consegue ver e entender esse tipo de riqueza.