segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Escolha inconsciente

Se eu pudesse, eu faria uma escolha, como quando você está cansado de uma operadora de celular e, sem o contrato de fidelidade vigente, resolve mudar para outra que te oferece mais vantagens, ou como quando você escolhe a roupa que vai vestir, o que é que vai almoçar e o sabor do suco. Como quando escolhe o destino de viagem nas suas férias ou como quando escolhe a profissão que vai seguir e decide que rumo tomar. Se fosse possível, eu saberia exatamente para onde direcionar tudo isso, o mais estranho é saber o quanto eu gostaria que fosse possível fazer essa escolha, o quanto eu me foquei para que ela acontecesse e o quão frustrante foi o resultado.


Quando se fala de coração, a referência não é meramente simbólica, os sentimentos a ele relacionados são comumente impalpáveis à matéria, mas não são imperceptíveis ao músculo pulsante que bate no meio do peito. As batidas são tão incontroláveis quanto os próprios sentimentos, é nele que sentimos toda a emoção que não podemos controlar ou decidir, apenas amenizar e esperar ir embora a seu tempo, ou então simplesmente observar e alimentar a sua intensificação.


Não é consciente a escolha por quem ou o que  seu coração vai bater mais forte e fará suas pernas tremerem, deixar seu rosto corado ou perder as palavras. Nunca entendi como essas coisas funcionam, eu juro que desejei muito que isso fosse diferente, e então eu saberia o que fazer, quando fazer e como fazer. Mas minha cabeça e meu coração não se entenderam. O cérebro mandou o coração bater mais forte e ele não bateu, mandou as pernas estremecerem e elas não obedeceram, pediu para os meus olhos brilharem e eles não houve um cintilar sequer. Eu quis perder as palavras, mas elas estavam todas na ponta da língua, eu quis andar sobre as nuvens, mas eu só fiz sentir o chão concreto. Nem a grama estava lá, sem relva úmida para espalmar e não haveria no céu estrelas para contar.


E talvez é só por ser inesperada é que se chama emoção, e por ser indomável não anda ao lado da razão. Entre lágrimas e sorrisos é talvez o que faz a vida ser tão intensa. Mas escrevi tudo isso apenas para dizer que se eu pudesse escolher, a escolha seria você.

Nenhum comentário: