segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A lenda da pomba estúpida

Não posso negar que Jesus tenha existido, embora seja estranho um corpo  simplesmente desaparecer. Mais estranho ainda é entender por que é que o menino teria um pai que não era seu pai, outro pai que era uma pomba e uma mãe que gerou o filho da pomba. Sábias palavras de Caeiro ao narrar a estranha e desestruturada família de Cristo. E mais estúpido que uma pomba, que não era de fato uma pomba, é quem entende que dona Maria jamais teria amado José por fazer constar que Jesus seria filho de uma mulher tão pura que jamais teria se sujado em uma comunhão entre dois corpos.


Ora, se a natureza é tão perfeita talvez por Deus criada, que estranho seria a criatura mais iluminada que já ouvimos falar não nascer da perfeição que é a natureza dos corpos que se amam e geram uma vida pela manifestação mais pura e primitiva do amor. Por que é que Maria precisou de uma pomba que não era pomba e sim um espírito (e santo!) para gerar seu filho? A natureza tão perfeita já provia seus próprios meios. Essa pomba é mesmo estúpida, ou talvez estúpida seja a Maria, que por alguma razão achou que José tinha virado uma pomba e plantou o menino em seu ventre.


Quem sabe essa história seja apenas um conto de fadas, mais irreal que a prórpria Cinderela: ao menos o que era mágico era uma fada, e não uma pomba que não era pomba.


Se Jesus existiu, ele foi fruto de uma noite de amantes, e alguém deve ter contado pra ele e ao mundo a lenda da pomba, assim como contam às crianças comuns que os bebês vêm das cegonhas... no fim das contas, são sempre os pássaros!

3 comentários:

Roger disse...

Quanto ceticismo. Reflexões filosóficas desse porte tendem a afrontar a ira inquisidora dos púdicos e virtuosos adoradores das inquestionáveis verdades sacristãs. Gostei, hehehe.

j, Camila Jabs disse...

Sou adepta ao surrealismo: Distorço a ilusão de uma maneira que consiga ser adaptada para a verdade, a realidade. É um processo interessante, porque se descobre novas coisas a cada dia. Mas creio que neste caso, nem milagre poderia explicar. Mas eis a questão: como pode ser comprovado cientificamente esta história? Argumentos faltaram, mas este seu ponto de vista é bastante conveniente e faz surgir novas perguntas.

Adriano Tadoque disse...

Com tantos símbolos construídos pela história e teologia, só resta dar asas para a imaginação.