sábado, 4 de julho de 2009

Loucura, insanidade e consciência.

Foi em uma conversa descontraída que o assuto veio a tona. Não é nada novo, na verdade é algo constantemente questionado há muito tempo. O que é loucura? Quem são os chamados loucos? Como não poderia ser diferente, passei um tempo refletindo com meus próprios botões  sobre esse assunto após aquela breve conversa. Seríamos nós todos loucos de uma cultura insana que nos consome e nos faz acreditar que somos normais e a única real sanidade está presente nos chamados loucos da sociedade?


Observando o comportamento de quem acredito ser louco, e atenta à opinião contrária de que ali não consiste uma loucura mas sim a crença de alguém que está levando o que acredita ao pé da letra e ao extremo, percebi que ali há um padrão. Nenhum louco acredita que é louco e todos seguem seus padrões, levando sua vida dentro deles e tendo a certeza de que agem normalmente, sem que tenham a sua sanidade questionada.


Existem diversos tipos padrão, aqueles que são seguidos por muitos, gerados pela sociedade, e aqueles que são seguidos apenas por quem os criou. O fato que padrão é padrão, ficar preso a qualquer um que seja, é loucura. Seja beber sempre a mesma bebida, ter sempre as mesmas conversas, comer sempre a mesma comida  e encarar sempre o mesmo trabalho ou balbuciar palavras sem sentido, gritar no meio da rua e acreditar que vermelho é azul, o que realmente faz a diferença em toda essa loucura é a consciência ou a ausência dela.


Quantos de nós somos conscientes de nós mesmos? Quantos questionam seus próprios atos e crenças? Acordar, escovar os dentes, tomar banho e sair para o trabalho no modo automático é o padrão seguido por muitos, somos todos loucos de uma loucura insana. É insano caminhar e não saber o que se passa a sua volta, é insano trancar a porta do carro e não lembrar que o fez, é insano passar a vida toda seguindo padrões e não saber que o faz. Mas a maior insanidade de todas é saber que o padrão que segue nos faz infelizes e não fazer nada para mudar.


O louco que tem consciência de sua loucura, não é insano, é vivo.

3 comentários:

marinices disse...

Gostei :)
E como estou me achando não só louca como outras coisas também, gostei mais ainda do final. Pq pelo menos eu tenho consciência. hehehehehehhe
Bjos doces

Agripino disse...

Se ser louco é não ter juízo, não ter discernimento, então como um louco pode se achar louco? Não tem jeito! A loucura, então, vai estar sempre no exterior, sempre em alguém que está fora daquele que vê a loucura. Posso me afirmar como louco, posso afirmar os outros como loucos, mas sabendo que, com isso, estou forçando a perda de um encontro com aquela coisa interior que pouco se importa com a loucura. Mas sem dúvida, nos primeiros momentos desse encontro, se eu olhar para o outro, talvez veja o que poderiam ser sinais de loucura. Que seja! Mais importante que isso é esquecer isso. E se numa conversa alguém acusar alguém de louco, se alguém se achar louco, o melhor que eu posso fazer, ao invés se saber se eu ou alguém está apto ao título de louco, é ficar quieto, pois não tenho visto uma discussão taxativa que conduza a algo além de cristalizar percepções exteriores e, portanto, superficiais.

Unsere Welten disse...

Exatamente, um louco tal qual como ele é dentro dos paradigmas que conhecemos, não tem juízo, nem se consideram loucos, por não terem essa consciência. Mas, ser louco necessariamente é não ter juízo? Eu não sei o que é exatamente ser louco, às vezes eu acho que seguir os padrões que a sociedade impõe para definir o que é uma pessoa normal, é entrar em uma máquina de fazer loucos. De fato, questionar a loucura é sempre algo taxativo e acaba estabelecendo novos paradigmas e conceitos. Sob a óptica humana aquilo que analisamos acaba sendo superficial, pois depende de uma analise externa, seja ela aprofundada, embasada ou não, mas sempre terá a conclusão sob a óptica de alguém, portanto, passível de distorção. É isso que a mente humana sempre acaba fazendo, em todos os aspectos, em todos os conceitos, buscando as próprias definições e reflexões, mesmo que nessa reflexão acabemos concluindo que o melhor seja não refletir sobre nada.
Dizem que de louco e de artista todo mundo tem um pouco, e mesmo para apontar quem é artista há uma definição dentro de algo taxativo. Por isso mesmo possuindo um titulo de Bacharel em Artes Plásticas, não me considero artista.
Assim como a arte é questionável a loucura também não deixa de ser. Em um mundo onde todos são artistas, ninguém de fato é. O que dizer da loucura no mundo contemporâneo? É... melhor não dizer nada.