quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tez branca

Nos caminhos tortos daquele espaço lúgubre, caminhava em passos incertos. Vislumbrou a esquina esperando encontrá-la. Tirou a garrafa de vinho que carregava no bolso de seu paletó. Embriagou-se. Fartou-se daquele líquido tinto como se bebesse até a última gota de sangue do corpo da baronesa. Cambaleou, tombou e caiu em um sonho tórpido que o arrastava para as profundezas de seus mais obscuros desejos.


A visão estava turva, percebia uma forma cheia de curvas, caminhava em sua direção. Podia vê-la, era ela. Distinguia seus rubros cabelos esvoaçantes cobrindo-lhe o rosto em contraste com sua tez branca que quase reluzia sob a luz do luar. Aproximou-se e tomou-a pelas mãos. Fê-lo com sensualidade, ele fixou os olhos em seu seio volumoso e com voracidade tomou-a em seus braços. Amou-a. Amou-a no chão úmido, encardido e marcado pelas orgias embriagadas dos becos daquele lugarejo hostil.


Sugou cada parte de seu corpo até exaurir todas as suas forças e os dois corpos desfalecidos fundirem-se em um só. Desejou-a novamente, queria possuí-la a todo instante, almejava seu coração e ela o entregara. Levantou seu punhal e abriu a tez de seda em seu seio, sujou as mãos e sangue, bebeu-o como vinho e arrancou o que lhe fora dado. Guardou-o como relíquia, possuía o coração de sua amada, ela era sua e de mais ninguém. Acordou entorpecido, ela ajoelhava diante de seus olhos com os cabelos rubros cobrindo-lhe a tez branca da face e tomava-o pelas mãos.

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