sábado, 18 de junho de 2011

Na órbita dos 30

Passar dos 25 anos não é muito assustador, aos 26 é fácil pensar que ainda se está próximo dos 25, que está na casa dos 20. Ao fazer 27, você percebe que se distanciou um pouco mais, mas é ao alcançar os 28 anos que a realidade dos 30 começa a ficar palpável; a partir daí o tempo passa em movimento uniformemente acelerado.


Enquanto corre o tempo, as crianças começam a lhe chamar daquele pronome o qual é usado para designar o irmão do seu pai, mas não é esse o fator que denuncia que você está envelhecendo, afinal, os pequenos chamam de tio/tia qualquer um que seja maior do que eles. O seu envelhecimento está, na verdade, proporcional e diretamente ligado ao número de fatos históricos marcantes que você vivenciou.


Eu havia acabado de nascer quando estudantes já lotavam ruas e praças pelo movimento Diretas Já; em 1989 ainda estava no auge dos meus 6 anos de idade quando houve a primeira eleição direta para presidente no país após a ditadura militar; lembro-me de brincar com as revistas e jornais de meus pais quando vi anunciada a vitória de Fernando Collor de Melo, com a foto do mesmo sentado em uma poltrona preta. Era comum ligar o rádio e volta e meia escutar notícias que mencionavam fatos da Guerra Fria, até noticiarem a queda do Muro de Berlim no mesmo ano.


Foi ao fim dos meus 8 anos que eu ouvia quase todos dias na TV a célebre frase "Invente, tente, faça um 92 diferente" da vinheta que precedia a 2ª Conferência Internacional sobre o meio ambiente, a Eco 92, que deu origem a todos os exageros do marketing do ambientalismo e desenvolvimento sustentável com que somos hoje bombardeados. E ainda tem aquele famigerado plebiscito de 1993, quando a população deveria decidir o sistema de governo do Brasil, em uma tentativa de reinstaurar o regime monarquista no país.


Parece que foi ontem que dois aviões atingiram as Torres Gêmeas nos Estados Unidos; mas, para mais me espantar, eu ainda tinha 18 anos quando acordei naquela tenebrosa manhã de 11 de setembro para ir ao cursinho pré-vestibular. E essa galera que nasceu em 92-93? Hoje já é maior de idade e não tinha nem 9 anos na época; esse deve ser o primeiro fato histórico marcante de que essa moçada consegue se lembrar. Os últimos 10 anos passaram com uma velocidade tão assustadoramente rápida que mais assustador ainda é pensar o que será dos próximos 10.


Cheguei aos 28; daqui para os meus 30 será um estalo de dedos e não demorará muito para que eu perceba que escrevi esse texto há anos atrás.

Um comentário:

Adriano Tardoque disse...

Eu fazia trabalho de office boy quando fui abordado na rua por jovens monarquistas, para participar do abaixo assinado a favor da monarquia. Imediatamente, após receber um pin com uma coroa, que o rapaz colocou em meu bolso, assinei "Adolf Hitler" e coloquei o rg 01.039.045-666. Ele apertou a minha mão e agradeceu pelo apoio.