terça-feira, 15 de setembro de 2015

Fotografia: acesso e banalização

Antes da fotografia, existia a pintura, a qual se viu indignada com a nova forma de retrato. Antigamente, as câmeras usavam filmes, não sensores digitais. Antigamente levávamos dias para ver uma foto revelada. Depois da revelação feita em uma hora, a ansiedade diminuía, e com as polaróides, nossa! Foto instantânea. Era o máximo do máximo. Com as câmeras digitais as imagens passaram a ser imediatas, com os celulares, passaram a ser online. Evolução acontece em qualquer área humana e a sua negação também. Com a imagem não é diferente.

Não dá para negar: O fato de não se ter que pagar pelo filme ou pela revelação popularizou a fotografia. Cada tempo tem a sua marca, nosso tempo vive as suas; e vida online expressa em fotografias, é uma delas. Se as fotos publicadas são enganosas, mentirosas para exibir uma falsa felicidade, muitos dos antigos álbuns de família também foram montados com base nas aparências, apenas não eram online. As selfies não são uma novidade, é um novo nome para algo que sempre existiu, só não tinha tantas facilidades de recurso, tais como celulares com câmera conectados à internet, câmeras frontais, pau-de-selfie e redes sociais.

Não adianta reclamar da tecnologia ou esbravejar o seu "mau uso". Isso sempre aconteceu. O celular não substituiu a câmera porque quem fotografa pela arte continuará fazendo. E não dá para negar que a imagem dos celulares de hoje em dia são melhores que as das antigas câmeras compactas de rebobinamento manual, a qual muitos dos que atualmente reclamam da "banalização da fotografia" usavam, e faziam fotos péssimas, não por culpa da câmera. 

O problema não é a câmera frontal, o pau de selfie, os celulares, ou a internet. Cada um sabe (ou não) como e quando usar esses recursos, o problema é justamente não saber lidar com isso. Não dá pra condenar o avanço na fotografia, ainda que, em certos aspectos, tenha sido "banalizada", porque, graças a esses avanços e popularização, qualquer um - qualquer um mesmo - de toda classe social, pode registrar seus eventos, nascimentos de filhos, festas de aniversário e até mesmo a sua vida na pobreza (por que não?); se essa realidade existe, deve ser mostrada. Se ela te incomoda, o problema é seu. 

Hoje a vida é online, característica de nosso tempo. Apenas temos que aprender a lidar com isso e a aceitar as mudanças que ocorrem ao longo da história.

Escrito em 10 de maio de 2015.

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