segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Eu ainda estou aqui

Eu não estou lá, mas ainda estou aqui. Sair das redes sociais não é algo simples como pode parecer, parte da sua vida está ali. Mesmo que virtual, é parte da sua história, da sua formação e construção social. Estar fora do Facebook é desconectar-se do mundo, dos acontecimentos minuto a minuto, das milhares de histórias que contam aqueles que estão longe, é deixar de postar histórias e fotos compartilhados com amigos e família. É deixar de existir para centenas de pessoas. 

Manter-se no Facebook tampouco é fácil, é preciso muita estrutura emocional para filtrar excesso de informações lidar com pessoas, emoções e discursos de ódio. Sem equilíbrio, manter-se no Facebook é inviável. Sem estrutura emocional, é impossível. Assim, precisei sair do Facebook e, posteriormente, do Instagram em nome da minha sanidade mental e emocional. No momento, estou viajando, e fazer uma viagem "offline" é algo no mínimo diferente. Sempre ouvi dizer que as redes sociais são uma vitrine da falsa felicidade. Deve ser verdade, ninguém pode ser tão feliz como mostram seus perfis. Postar as fotos de uma viagem é, de uma certa maneira, ostentar, mostrar sua felicidade daquele momento, esperar comentários, curtidas e aprovações. Nesse sentido, uma viagem com destino para dentro de mim mesma, buscando conexões, não tem propósito online. 

Não sei lidar com a ansiedade que desenvolvi, os gatilhos emocionais que as redes sociais me têm despertado. Não tenho vontade mostrar felicidade que eu não estou sentindo para alguém invejar uma realidade que não existe. Expor minha verdadeira angústia também não é algo que vá me acrescentar em algo, afinal, não temos apenas amigos no Facebook, há ali também meros conhecidos, curiosos, pessoas que nada nos acrescentam e veem a nossa dor sem a menor empatia. 

Estou desconectada do mundo e não sei até quando. Minhas contas estão desativadas até que eu aprenda a lidar com as minhas próprias emoções. Quando penso em voltar, ainda tenho vontade de chorar e minha ansiedade desperta. Tenho usado cada vez menos o celular, e WhatsApp é a única rede que pude manter para que eu não me perdesse totalmente de quem realmente importa e, ainda assim, preciso aprender a lidar com ele. 

Desconectar-se é uma decisão pessoal quando necessária. Desconectei-me das redes sociais quando percebi que eu já estava desconectando de mim mesma.

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